O Menino do Pijama Listrado (John Boyne)

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A Segunda Guerra Mundial e o Nazismo são retratados em várias obras literárias, temos obras inspiradas em documentos reais e outras que mesmo sendo ficção não deixam de ter um pouco de verdade. Não faltam livros aos interessados em ler sobre esse período. Eu já li mais de três livros sobre o tema, desde romances mais adultos, passando pelo juvenil e hoje venho lhes apresentar uma obra com um olhar infantil sobre os acontecimentos impingidos pela Alemanha nazista. Muitos devem ter se lembrado de Anne Frank e seu diário, mas a história que lhes apresentarei não é narrada por um judeu e sim por um filho de um oficial alemão, um garoto de nove anos que adorava explorar e que não fazia ideia dos acontecimentos que sua exploração iria provocar…

O nome do garoto é Bruno e a história tem início com Bruno descobrindo que sua família está de mudança, a sua bela casa em Berlim tem que ser deixada para trás, já que seu pai “decidiu” que eles tinham que ir morar em uma casa menor, isolada, de um lado de uma floresta e de uma grande cerca além da qual viviam crianças, pais, tios, avós, todos do sexo masculino…

“[…] era o fato de que todos eles – os meninos pequenos, os meninos grandes, os pais, os avós, os tios, as pessoas que vivem sozinhas nas ruas da vida e parecem não ter parentes – usavam as mesmas roupas: um conjunto de pijama cinza listrado com um boné cinza listrado na cabeça.”

Bruno como é comum com crianças tem dificuldade em entender e pronunciar algumas palavras, para ele o nome do senhor mal-educado para quem o pai trabalha é o Fúria e o local onde eles foram morar é Haja-Vista. Se você prestar atenção na sonoridade das palavras verá que o Fúria é nada mais nada menos do que o Führer Adolf Hitler e Haja-Vista é Auschwitz um dos mais famosos campos de concentração nazista. Toda essa confusão de nomes e lugares entrega a sutileza como a situação dos judeus é retratada, nada é jogado na sua cara, mas as entrelinhas cumprem bem o seu papel. Mas, como eu ia dizendo Bruno mudou-se para essa casa em Haja-Vista e vendo as pessoas do outro lado da cerca ficou muito curioso e decidiu “explorar” e foi em uma dessas explorações que ele encontrou um menino do outro lado da cerca, um menino que usava o pijama listrado e que se chamava Shmuel. Começamos a acompanhar a amizade dos garotos, os comentários impensados de Bruno, os ponderados de Shmuel, a vontade de atravessar a cerca e o terror de que tal ato pudesse vir a ser descoberto. Uma linda história de amizade, que nasceu de forma inesperada e que terá como conseqüência algo mais inesperado ainda.

Boyne conseguiu fazer uma narrativa infantil bem coerente com a forma como Bruno vê as coisas, entretanto alguns períodos da narração são muito repetitivos, é como se Bruno fizesse questão de repetir para garantir que entendamos tudo, algo que contribui para encher páginas, mas que emperra a leitura. Agora, se a intenção de Boyne foi demonstrar o quão monótono e chata estava a vida de Bruno (antes do seu encontro com Shmuel) o artifício foi muito bem escolhido. Outro recurso narrativo utilizado e que achei estranho, foi o não cumprimento de uma linearidade na narrativa, fatos passados são entremeados aos presentes, às vezes de uma forma um tanto brusca e que acaba por quebrar o ritmo da leitura. Porém, isso não interfere na qualidade do livro, a narrativa é cativante e a curiosidade para saber como as coisas vão terminar nos impele a ler o livro de uma vez só, e a crueza (mascarada de poesia) do final é esmagadora e deixa-nos com lágrimas nos olhos.

O livro já conta com a sua versão cinematográfica, com direção de Mark Herman, que logo pretendo conferir. Eis o trailer:

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7 Comentários

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7 Respostas para “O Menino do Pijama Listrado (John Boyne)

  1. Esse livro é muito bom, mesmo não sendo uma grande referência a segunda guerra. O interessante é justamente a ótica, o ponto de vista das crianças. Fiz uma resenha sobre ele também lá no antigo BNBlog: http://battlenerds.wordpress.com/2008/11/04/o-menino-do-pijama-listrado

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    • Nubia Esther

      Fui lá ler sua resenha e concordo, é uma boa maneira de se “iniciar” nas obras que falam sobre o holocausto. Eu gostei da sutileza, para quem já leu outras obras do tema as entrelinha funcionam bem e os momentos trágicos e cruéis tornam-se horríveis não apenas pelo ato em si, mas pela forma como o garoto os entende.

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  4. Beatriz Sofiati

    Nossa, me ajudou mt! Eu não estava entendendo quem era “O Fúria”, procurei em vários blogs e não conseguia entender. Muito obrigada, o texto está bem legal.

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