O que são micróbios? O que eles fazem? Como eles influenciam nossa vida? São essas perguntas e outras tantas mais que Ben-Barak propõe responder em seu livro Pequenas Maravilhas. Apaixonado pelos seres microscópicos resolveu extravasar esse amor ao mundo e deixar registrado no papel o quão importante esses organismos são para o funcionamento da natureza e a manutenção da vida.
“Quero lhe contar algumas histórias sobre micróbios. Mas estou com um problema: se eu entrar em explicações detalhadas e rigorosas sobre ideias e termos biológicos, gastaria muito tempo e muito papel, este livro se tornaria um livro acadêmico e eu acabaria perdendo o leitor. Por outro lado, se eu simplesmente começar a tagarelar sobre fatores sigma e RNAsi, você talvez decida me mandar passear.
Não quero transformar você em um microbiologista. Ser microbiologista é uma coisa para a qual os microbiologistas é que foram mandados à Terra.”
Como bem evidenciado pelo autor no trecho acima, ele não quer formar microbiólogos e sim trazer informações sobre esses seres microscópicos, de forma que um leigo possa entender. Por isso, seu texto é simples, e apesar de citar processos complexos, ele o faz de forma clara e objetiva, mas faz questão de frisar que o processo é complexo e indica para os leitores mais curiosos, leituras complementares. Ah, e sim, como grande parte dos livros de divulgação científica, o livro é repleto de notas de rodapé, mas em sua maioria, além de complementares elas são bastante divertidas. Em algumas partes o texto beira à poesia, por mais que você neste momento esteja achando que é impossível fazer poesia envolvendo micróbios e que eu tenha que confessar que enxergar poesia na natureza é algo inerente à natureza do biólogo, culpada.
Micróbios estão envolvidos na fabricação do vinho, da cerveja e de mais um tanto de outros alimentos, alguns vivem nos ambientes mais inóspitos da Terra e outros tantos (milhões e milhões) vivem mais próximos de nós do que imaginamos. Você sabia que a razão entre células microbianas e células humanas em nosso corpo é de dez para uma? Um a dois quilos de nosso peso são puros micróbios, isso pode no mínimo até parecer nojento, mas tem lá seu motivo. Controle cerebral? Doenças e condições mentais que parecem estar associadas a micróbios? Isso sim é assustador, controverso, curioso, preocupante e de por caraminholas (isso se já não tiver outras coisas por lá) em sua cabeça. Mas as doenças são só uma ínfima parte de todas as informações que o autor traz.

Fonte: Hipernews
Ele também discorre sobre as inúmeras pesquisas científicas que são feitas com base nesses minúsculos seres. Desde estudos evolutivos e sociais, controle biológico de pragas, tratamento de lixo radioativo, passando pelo uso de vírus no tratamento de cânceres e em terapias gênicas e até ideias mais mirabolantes e que pasmem, estão gerando respostas surpreendentes e sugerindo possibilidades mais estrambólicas ainda. Além disso, os que gostam de história da ciência e em saber um pouco mais sobre como alguma descoberta importante ocorreu também terão alguma coisa a aprender, como a sorte inicial de Alexander Fleming na descoberta da penicilina e os posteriores esforços em produzir quantidades utilizáveis do composto por Howard Florey e Ernest Chain, ou as histórias um pouco mais bizarras de pesquisadores que para comprovarem que micróbios estavam por trás de temíveis doenças não pensaram duas vezes em submeter o próprio corpo às infeções.
Ao final de cada capítulo alguns adendos: números curiosos, os incríveis poderes dos tardígrados, esquetes, uma declaração de amor e o surto de mortes virtuais no World of Warcraft em 2005 que se mostrou uma oportunidade de ouro para os epidemiologistas.
Ben-Barak propõe uma conversa e ele consegue mantê-la ao longo de todo o texto. Um papo descontraído, informativo e com uma boa dose de humor, mesmo quando o assunto tratado parece um tanto escabroso. Ouso dizer que até um leitor não tão leigo assim no assunto, irá se divertir e descobrir alguma curiosidade que desconhece. O livro ainda conta com um glossário e uma seção de leituras recomendadas que vão desde livros textos, passando por livros de divulgação científica, revistas científicas e sites e blogs dedicados ao assunto. Caso ele consiga te deixar curioso com as informações que traz, ele não te deixará a ver navios, e lhe mostrará meios pelos quais essa curiosidade pode ser sanada, ou como mais frequentemente ocorre, aumentada.
Algumas citações interessantes:
“Um momento “eureca”, por mais brilhante que seja, nunca é suficiente.”
“[…] uma doença comum em meu meio, de pesquisadores, é a síndrome da visão em túnel: eu estava tão preocupado com meu próprio projeto que até o laboratório ao lado não passava de uma névoa indistinta.”
“A ciência é uma jornada, não um destino. Qualquer pessoa que apresente a ciência como um corpo de fatos fundamentalmente fidedigno e organizado provavelmente estará tentando lhe vender alguma coisa.”
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