Cidades de Papel (John Green)

cidades de papel

“… se você levar em conta todos os eventos improváveis, é possível que pelo menos um deles vá acontecer a cada um de nós. Eu poderia ter presenciado uma chuva de sapos. Poderia ter pisado em Marte. Poderia ter sido engolido por uma baleia. Poderia ter me casado com a rainha da Inglaterra ou sobrevivido à deriva no mar. Mas meu milagre foi diferente. Meu milagre foi o seguinte: de todas as casas em todos os condados em toda a Flórida, eu era vizinho de Margo Roth Spiegelman.”       (Pág. 11)

O Prólogo de Cidades de Papel já nos entrega em grande parte, as características dos protagonistas da trama. Quentin, ou Q., o garoto calado, centrado, acostumado a nunca quebrar as regras, nem forçar seus limites (o que para alguns pode ser só uma forma bonita de se chamar alguém de medroso). Margo é a impávida, a curiosa, a que não se conforma apenas com os fatos, mas que quer saber os motivos que os levaram a acontecer. A apaixonada por mistérios, por resolvê-los e por criá-los.

Quentin e Margo são vizinhos desde os dois anos. O Q. e a Margo de antes eram muito amigos e partilhavam aventuras. O Q. e a Margo de hoje, formandos do ensino médio, não são mais tão amigos. Ela é a garota super popular, a rainha da escola, e ele é apenas um dos invisíveis, que ainda nutre uma paixão platônica pela amiga não mais tão amiga assim.

A vida seguia assim. Margo e seus amigos super populares. Q. e seus amigos (Radar e Ben) tão invisíveis quanto ele. Até que em um 5 de maio que poderia ter sido como qualquer outro dia, Margo invadiu o quarto de Q. pela janela, com o rosto todo pintado de preto e pedindo ajuda para uma tarefa. E é claro que Q. não conseguiu negar. E assim, naquela madrugada, ele e Margo tiveram uma baita aventura. Envolvendo muito peixe podre, latas de tinta spray e alguns momentos constrangedores. E Q. acha que pode finalmente ter reencontrado a amiga.

Mas, depois da noite de aventura, Q. descobre que Margo sumiu. Será esse mais um dos sumiços frequentes da garota? Margo é famosa por seus sumiços planejados, sumiços que são pré-anunciados por dicas e cujos destinos podem ser obtidos pelas pistas que ela deixa para trás. E dessa vez não é diferente. Q. logo descobre uma de suas pistas e com a ajuda de Ben e Radar começa a segui-la. Com o avançar da investigação, Q. começa a ter terríveis suspeitas sobre o paradeiro de Margo. E também começa a perceber que não conhece a verdadeira Margo, que ela nunca se mostrou verdadeiramente a alguém.

E é assim, com todo o mistério envolvendo o sumiço de Margo, que Green nos captura em sua narrativa. O tom investigativo nos prende às páginas, e assim como Q. somos impulsionados pela busca (vã?) por Margo Roth Spiegelman. De quebra, conhecemos um pouco mais sobre esse trio de amigos bastante peculiar. Foi impossível não rolar uma identificação com Ben e Radar que tocam na banda da escola (nostalgia define) e foi impossível não se divertir com Radar e seu “pequeno problema”, o Omnictionary.

A forma como Green utilizou o conceito das cidades de papel na narrativa foi bem legal. Que bom que a experiência desconcertante com uma cidade de papel na Dakota do Sul ocorreu. Assim, tivemos a oportunidade de conhecer Q., Margo e suas cidades de papel. Outra boa tática utilizada por Green, foi a conversa de sua narrativa com o poema Folhas de Relva de Walt Whitman. Não foi apenas uma referência passageira, uma homenagem por citação. A obra de Whitman tem papel central no desenrolar da trama de Green. Fiquei até curiosa para conhecer a obra desse autor, até então desconhecido para mim. Enfim, Cidades de Papel é um livro sobre encontros, desencontros e a busca por algo que não se sabe bem o que é. Felicidade? Futuro? Propósito?

PS1: A história de Q. e Margo logo chegará aos cinemas. Com direção de Jake Schreier e Nat Wolff e Cara Delevingne nos papeis principais.

PS2: Eu realmente me empolguei com o frenesi dos capítulos finais. Mas, a falta de senso ecológico dos personagens foi algo que me incomodou muito.

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4 Comentários

Arquivado em Editora Intrínseca, Lendo aleatoriamente, Resenhas da Núbia

4 Respostas para “Cidades de Papel (John Green)

  1. Um dos melhores livros que já li, incrível!!!! 😉 https://karlamarins.wordpress.com/

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    • Nubia Esther

      Do Green ainda tenho como meu favorito Quem é Você, Alasca?, mas Cidades de Papel foi uma ótima leitura também. =D

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      • Acredita que o meu também???? Todos são muito bons, Cidades de Papel está entre meus favoritos, mas com toda certeza, qual mais me emocionou foi Quem é você, Alasca?, adorei teu blog :)))

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  2. Pingback: Tartarugas até lá embaixo (John Green) | Blablabla Aleatório

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