Atenção, esta resenha trata sobre os acontecimentos do segundo (e último?) livro da série Perdida e pode haver spoilers dos livro anterior. Para saber o que eu achei de Perdida confira os links no final desta resenha.
Quando terminei a leitura de Perdida e fiquei sabendo que iria ter uma continuação, logo fiquei com o pé atrás. A história criada por Carina tinha se encerrado de forma tão coesa, sem deixar pontas soltas, que duvidava de que ainda pudesse haver algo para Carina criar uma nova história. Apesar dos personagens cativantes e de um romance de abalar o século dezenove, tinha medo de que ao prolongar-se demais Carina fizesse a história perder parte de seu brilho. Então, comecei a ler Encontrada com esperanças de que Carina me surpreendesse, mas ao mesmo tempo sabendo que eu poderia me decepcionar. E que ótimo que meus receios não se concretizaram. Carina veio e mostrou que havia sim muito que pudesse ser explorado, que não bastava garantir a volta de Sofia ao século dezenove e colocá-la junto à Ian. Acompanhar a adaptação dessa ávida consumidora de tecnologias, dessa garota com hábitos e pensamentos típicos do século vinte e um ao século dezenove, poderia render histórias que tornariam esse romance atemporal ainda mais mágico.
“Ian era um aristocrata, ainda que sem título de nobreza. E, apesar das muitas pretendentes ricas, lindas e que sabiam se portar naquela sociedade arcaica, ele escolhera a mim, Sofia Alonzo, que nascera na maluca década de oitenta e conhecera todas as tecnologias e maus modos do século vinte e um.” Página 16.
“Não dava para mudar quem eu era, e Ian uma vez dissera que não queria que isso acontecesse. Só torci para que ele pensasse assim por muito tempo, porque, naquele instante, vendo-o bailar com Valentina, o sorriso educado que ele mantinha nos lábios, a forma inibida como ela se portava, percebi que nunca me adequaria de verdade ao século dezenove. Eu poderia sobreviver a ele, suportá-lo, mas jamais faria parte dele.” Página 276.
Sofia está de volta ao século dezenove e pronta para viver seu final feliz ao lado de Ian. Se a história tivesse terminado aqui, bastaria um “e foram felizes para sempre” para nos transformar em torcedores desse amor. Mas aqui, somos convidados a explorar o antes do final feliz, as confusões que nos fazem ansiar pelo casamento tão esperado, todas as quebras de protocolo que fazem Sofia reescrever a história do século dezenove, a confusão de comunicação entre Ian e Sofia que precisam acertar os ponteiros e encontrar seu próprio tempo e todos os empecilhos que teimam em dificultar que o final feliz desse cativante casal seja pleno.
Sofia tinha a certeza de que seu lugar era ao lado de Ian. Mas, o século 19 tem se mostrado uma verdadeira pedra no seu sapato (é, nem seus tênis ela tem mais). Primeiro que confusão sempre pareceu ser seu segundo nome, ela acaba provocando algum rebuliço mesmo sem querer e segundo que as matronas da alta sociedade (em especial a tia de Ian, Cassandra) não contribuem em nada para fazer ela se sentir melhor. Esta última, em especial, faz questão de demonstrar seu desgosto com Sofia e com o casamento de Ian para quem quiser ouvir. Para piorar todas as agruras que a protagonista tem que enfrentar, algo de muito ruim tem acontecido na Vila, algo que tem provocado cochichos sobre ela e que tem tirado o sono de Ian. E como boa moça independente do século vinte e um é claro que ela está decidida a fazer tudo que puder para ajudar o homem que ama. Mas, suas ações acabam gerando mais empecilhos e rusgas e que podem acabar colocando seu final feliz a perder.
Ao focar no processo de adaptação de sua protagonista ao século dezenove e do século dezenove à sua protagonista (porque sim, é uma via de mão dupla, yay!), Carina o faz com propriedade e com algumas licenças históricas muito bem empregadas. A forma como ela insere as mudanças nos costumes e conhecimentos da época via Sofia, linkando ao que ela já conhecia do futuro, promove uma circularidade entre passado e futuro bem interessante. Além disso, amei o fato de Carina ter dado mais espaço as invenções de Sofia e ao seu espírito empreendedor (mesmo que tantos problemas tenham advindo daí) e a forma como ela trabalhou isso com o futuro foi bem legal. Quanto ao mistério que tem tirado o sono de Ian, não vou dar mais detalhes, porque Carina nos mantém no escuro durante boa parte da trama e acho que isso funcionou muito bem. Só posso dizer que a forma como o mistério foi resolvido garantiu um tom investigativo a trama, a la Serlock Holmes, que gostei pra caramba.
E o final? Ô coisa linda o que a Carina fez. Eu amei descobrir mais sobre o futuro de Sofia junto com ela e com Nina (é, a best friend não foi esquecida). E não poderia ter tido uma conclusão melhor. Uniu passado e futuro de uma forma mágica. Amei! Não sei se a série termina aqui ou se a Carina está preparando outra surpresa. Mas, para quem não achava que a história de Sofia pudesse render tanto, Carina me surpreendeu e me fez ficar ainda mais apaixonada por sua forma de contar histórias e por seus personagens. Está aqui um chick-lit que não pode faltar na lista de leituras de amantes do gênero.
Conheça a série Perdida:
Perdida [Goodreads][Skoob][Resenha]
Encontrada [Goodreads][Skoob]
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