Arquivo da tag: literatura juvenil

A Playlist de Hayden (Michelle Falkoff)

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“Tentei não pensar muito na letra, em Hayden ali sentado fazendo essa seleção de músicas antes de tomar sua decisão final. Eu odiava imaginá-lo querendo desaparecer dessa forma. ” (Página 16)

Tudo o que Sam sabe é que houve uma festa e houve uma briga. E ele acabou se desentendo com seu melhor amigo, Hayden. Em uma certa manhã, Sam foi pedir desculpas ao amigo e o encontra morto. Ao seu lado, uma garrafa de vodca e comprimidos de Valium, além de um pendrive e um bilhete para Sam. “Ouça você vai entender”.

Essa é a premissa do romance de Michelle Falkoff. Sam ficou para trás, para enfrentar um mundo no qual Hayden era seu único amigo. O que há para entender? O que levou Hayden a tomar a atitude que tomou? Qual o significado da playlist deixada pelo amigo? Enquanto ouve cada uma das músicas escolhidas por Hayden, Sam tenta descobrir o que realmente aconteceu naquela noite. Ao mesmo tempo que precisa enfrentar a raiva do amigo e das pessoas que ajudaram a tornar a vida de Hayden miserável, a culpa por achar ter sua parcela de contribuição para o ocorrido, e a saudade da única pessoa que realmente o entendia. E por um tempo, a premissa funciona muito bem e a narrativa de Falkoff nos prende à busca por respostas. Continuar lendo

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Uma História de Amor e TOC (Corey Ann Haydu)

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“Podemos ser loucos, mas existe uma lógica por trás até mesmo das coisas mais loucas que fazemos. ” (Página 237)

Já tem um bom tempo que Bea não sabe o que é ser uma garota normal. Semanalmente ela tem consultas com a Dra. Pat, que tenta ajudá-la com suas obsessões e compulsões. Mas, fica difícil quando o alvo mais recente de sua obsessão frequenta o mesmo consultório e terapeuta que ela. Bea foi diagnosticada com Transtorno Obsessivo Compulsivo, mas a obsessão dela não é tão “banal” (se é que podemos chamar qualquer obsessão de banal) quanto lavar as mãos inúmeras vezes, colecionar objetos estranhos, comer sempre nos mesmos lugares, ou fazer atividades em uma determinada ordem. Sua obsessão é um pouco mais comprometedora e na maioria das vezes (e com razão) é mal interpretada. Bea é uma stalker de caras. Daquelas que quando fica obcecada por alguém, começa a segui-lo (para certificar-se de que ele esteja bem), anotar os mínimos detalhes da vida do alvo em seu caderno, e, como no caso do alvo mais recente, até mesmo entreouvir partes de suas sessões de terapia.

Para ajudá-la com o TOC, a Dra. Pat decide fazê-la participar de sessões de terapia em grupo. Ali, ela reencontra/conhece Beck, o garoto que ela ajudara durante um blecaute em uma festa escolar, um cara sarado e com obsessão compulsiva por lavar as mãos e frequentar academias. Bea tem quase certeza de que apenas outra pessoa tão ferrada quanto ela, seria capaz de entendê-la e permanecer ao seu lado mesmo com todos os seus defeitos. Será Beck essa pessoa? Será que ele conseguirá superar suas obsessões e ceder um pouco mais de tempo para Bea? Será que ela conseguirá parar de stalkear sua atual obsessão e redirecionar (de forma menos acentuada de preferência) sua atenção? Continuar lendo

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Cidades de Papel (John Green)

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“… se você levar em conta todos os eventos improváveis, é possível que pelo menos um deles vá acontecer a cada um de nós. Eu poderia ter presenciado uma chuva de sapos. Poderia ter pisado em Marte. Poderia ter sido engolido por uma baleia. Poderia ter me casado com a rainha da Inglaterra ou sobrevivido à deriva no mar. Mas meu milagre foi diferente. Meu milagre foi o seguinte: de todas as casas em todos os condados em toda a Flórida, eu era vizinho de Margo Roth Spiegelman.”       (Pág. 11)

O Prólogo de Cidades de Papel já nos entrega em grande parte, as características dos protagonistas da trama. Quentin, ou Q., o garoto calado, centrado, acostumado a nunca quebrar as regras, nem forçar seus limites (o que para alguns pode ser só uma forma bonita de se chamar alguém de medroso). Margo é a impávida, a curiosa, a que não se conforma apenas com os fatos, mas que quer saber os motivos que os levaram a acontecer. A apaixonada por mistérios, por resolvê-los e por criá-los.

Quentin e Margo são vizinhos desde os dois anos. O Q. e a Margo de antes eram muito amigos e partilhavam aventuras. O Q. e a Margo de hoje, formandos do ensino médio, não são mais tão amigos. Ela é a garota super popular, a rainha da escola, e ele é apenas um dos invisíveis, que ainda nutre uma paixão platônica pela amiga não mais tão amiga assim.

A vida seguia assim. Margo e seus amigos super populares. Q. e seus amigos (Radar e Ben) tão invisíveis quanto ele. Até que em um 5 de maio que poderia ter sido como qualquer outro dia, Margo invadiu o quarto de Q. pela janela, com o rosto todo pintado de preto e pedindo ajuda para uma tarefa. E é claro que Q. não conseguiu negar. E assim, naquela madrugada, ele e Margo tiveram uma baita aventura. Envolvendo muito peixe podre, latas de tinta spray e alguns momentos constrangedores. E Q. acha que pode finalmente ter reencontrado a amiga.

Mas, depois da noite de aventura, Q. descobre que Margo sumiu. Será esse mais um dos sumiços frequentes da garota? Margo é famosa por seus sumiços planejados, sumiços que são pré-anunciados por dicas e cujos destinos podem ser obtidos pelas pistas que ela deixa para trás. E dessa vez não é diferente. Q. logo descobre uma de suas pistas e com a ajuda de Ben e Radar começa a segui-la. Com o avançar da investigação, Q. começa a ter terríveis suspeitas sobre o paradeiro de Margo. E também começa a perceber que não conhece a verdadeira Margo, que ela nunca se mostrou verdadeiramente a alguém. Continuar lendo

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Apenas um Dia (Gayle Forman)

apenas um dia

“Deixei as memórias me inundarem à medida que preenchia a página. Então outra. E então não estou escrevendo sobre ele. Estou escrevendo sobre mim. Sobre todas as coisas que senti naquele dia, incluindo o pânico e o ciúme, mas, acima de tudo, sobre sentir que o mundo não era nada além de possibilidades.” página 236.

Em comemoração pela sua formatura no ensino médio, Allyson ganhou dos pais uma viagem de intercâmbio cultural pela Europa. E sendo Allyson certinha do jeito que é, seguiu toda a programação da empresa, evitou as noitadas mais animadas e não vê a hora de voltar para casa e sua vida regrada, fato que é constantemente questionado por sua melhor amiga e companheira de viagem, Melanie. As provocações da amiga poderiam não ter dado em nada, se Allyson não tivesse esbarrado em Willem, um ator de uma peça itinerante de Shakespeare. E, após reencontrá-lo no trem para Londres ele não tivesse feito um convite inusitado: ir com ele à Paris, por um dia. É assim que Allyson, decide assumir um novo nome (Lulu), deixar a vida regrada de lado e fazer algo diferente. Lulu vai à Paris com Willem, mas a aventura não termina como ela esperava, e o coração partido não lhe deixa seguir em frente… Continuar lendo

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Diga aos Lobos que Estou em Casa (Carol Rifka Brunt)

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“Observar pessoas é um bom hobby, mas você precisa ter cuidado. Não pode deixar que as pessoas o peguem olhando. Se o pegam, elas o tratam como um criminoso de primeira grandeza. E talvez estejam certas em fazer isso. Talvez devesse ser crime tentar ver nas pessoas coisas que elas não querem que você veja.” página 8.

Diga aos Lobos que Estou em Casa é o primeiro romance de Carol Rifka Brunt, com o qual ela ganhou o Prêmio Alex, da Young Library Services Association. O livro, que se passa em 1987, traz a história de June Elbus, uma garota de 14 anos que tem dificuldade em fazer amigos, tem um relacionamento deteriorado com Greta, sua irmã mais velha, e só se sentia ela mesma na companhia de seu tio (padrinho) Finn, um renomado pintor que perdeu sua vida para a AIDS. A perda do tio faz a vida de June desabar. Sua morte também traz para a vida da garota uma nova pessoa e desenterra algumas verdades dolorosas sobre sua família. E é esse redescobrir de June, o descobrir de uma nova amizade e o reatar de velhas relações, que Carol nos convida a desbravar em seu romance. Continuar lendo

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A Escolha (Kiera Cass)

Atenção, esta resenha trata dos acontecimentos ocorridos no terceiro e último livro da trilogia A Seleção e pode haver spoilers sobre fatos dos livros anteriores. Para saber o que eu achei dos outros livros, confira os links no final desta resenha.

a escolha

“Estava com raiva de Maxon, com raiva de seu pai, com raiva da Seleção e de tudo que vinha junto. Uma imensa frustração apertava meu peito, nada mais parecia fazer sentido e eu queria muito falar com as garotas sobre o que estava acontecendo.” Página 230.

A Escolha, volume final da trilogia iniciada com A Seleção, já chega com uma sinopse que só serve para confirmar que mesmo com todo o mimimi insuportável da América, a escolha já estava feita há muito tempo. A verdade é que a trilogia perdeu boa parte de seu encanto a partir do segundo livro. Fiquei esperando um aprofundamento nas questões políticas e sociais de Illéa que não veio e tive que aturar uma América indecisa ao extremo e um Maxon com atitudes desconcertantes e que não condiziam com o personagem que nos foi previamente apresentado. Então, comecei a leitura deste último volume sem esperar muita coisa, o que fez os acertos da Kiera renderem boas surpresas. Continuar lendo

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O Guarda (Kiera Cass)

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“Os laços que nos ligavam ainda estavam lá. Talvez frouxos pelo desgaste da Seleção, mas ainda presos.

‘Me diga que vai esperar por mim’, eu implorava.

Ela não respondeu, mas não perdi a esperança.

Não até ele aparecer, caminhando na direção dela, exalando charme, riqueza e poder. Estava acabado. Eu tinha perdido.”

 

A exemplo do espaço que foi dedicado à Maxon no conto O Príncipe, Kiera também reservou um espaço para Aspen nos mostrar um pouco do seu ponto de vista sobre o processo da Seleção e a perda “gradativa” de América.

Sendo bem sincera, com seu segundo livro da trilogia, Kiera conseguiu me decepcionar ao ponto de eu pegar birra por alguns personagens. As expectativas após ler A Seleção foram tão grandes, e o lenga-lenga em A Elite tão arrastado, que só decidi continuar acompanhando a série porque já tinha ido tão longe que tinha que saber como iria terminar. E, como já havia lido o conto de Maxon, resolvi arriscar no do Aspen também.

Diferentemente do conto de Maxon que se focou muito mais nos eventos pré-Seleção. A história de Aspen tem o ponto positivo (e único) de trazer ao nosso conhecimento o que A Elite falhou miseravelmente em transmitir. Mais informações sobre a política do Rei Clarkson e a atuação dos rebeldes. O conto funciona bem como uma ligação entre A Elite e o volume final da trilogia, mas não nos deixa no afã para iniciar logo a leitura de A Escolha.

A Editora Seguinte disponibilizou gratuitamente o e-book, que pode ser obtido nas principais lojas virtuais: [Amazon][Google Play][Kobo][Saraiva].

 

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Graffiti Moon (Cath Crowley)

graffiti moon

“Quase sempre, quando observo os trabalhos do Sombra e do Poeta, vejo algo diferente do que as palavras me dizem. É disso que gosto na arte, o que você vê às vezes diz mais sobre quem você é do que sobre o que está na parede. Olho para o grafite e penso que todo mundo guarda algum segredo, algo adormecido, como esse pássaro amarelo. ” página 24.

Acho algumas artes com grafite muito bonitas, entretanto sou totalmente contra a cultura do vandalismo cultuada por muitos. Pintar áreas não destinadas para essa atividade, modificar à revelia bens públicos e privados, pior que isso só o que é feito pelos adeptos das pichações, que além de contribuírem para sujar as cidades, não respeitam nem os trabalhos alheios, distribuindo rabiscos sem sentido como se só isso importasse. Talvez a adrenalina de trabalhar sob o risco de ser pego seja uma busca inevitável para alguns (como o Poeta bem exemplifica em uma passagem), mas acho que assim perde-se o foco no que realmente é importante: a arte. Tendo isso em mente, sabia que era bom começar a leitura de Graffiti Moon sem esperar muito da história, afinal, havia o risco de nem mesmo rolar empatia com o personagem principal. Afinal, tinha todo esse lado da ilegalidade da arte com grafite que era impossível relevar. Mas a narrativa da Crowley é cativante e com uma história envolvente e ótimos personagens, ela conseguiu superar essa barreira e no fim, me vi acompanhando avidamente as aventuras de Lucy e Ed. Continuar lendo

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O Começo de Tudo (Robyn Schneider)

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“Às vezes acho que uma tragédia vive à espreita de todo mundo; por isso, as pessoas que vão comprar leite na esquina ou que cutucam o nariz enquanto aguardam o sinal abrir estão a apenas alguns minutos de um desastre. Na vida de todos, não importa quão comum seja, existe um momento que se tornará extraordinário – um único embate após o qual tudo o que realmente é importante vai acontecer.” página 5.

Ezra Faulkner era considerado um dos garotos de ouro da escola. Capitão do time de tênis, forte candidato a ser rei do baile, presidente de classe e namorado de uma das “abelhas-rainha” da escola. Quando ele já estava acostumado com sua vida e com o que se esperava dele, um rapaz de 17 anos, popular e que tirava boas novas, mas que parecia fadado a ser eternamente comum, ele teve que enfrentar sua tragédia pessoal. A noite que mudou sua vida era para ser uma simples festa de aniversário, mas que acabou se tornando a noite que Ezra flagrou a namorada o traindo, e logo depois teve seu carro atingido por um motorista que furou o sinal vermelho. Seu carro, bem como seu joelho ficaram irrecuperavelmente destruídos. Ele era Ezra Faulkner, um dos garotos de ouro da escola, mas essa pessoa não existia mais. Ele era o garoto que vivia com uma raquete na mão desde pequeno, e que agora nunca mais seguraria uma nas quadras novamente… Continuar lendo

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Quando Tudo Volta (John Corey Whaley)

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Em Lily, uma pacata cidadezinha do Arkansas conhecemos o protagonista narrador dessa história. Cullen Witter tem 17 anos, é adepto do sarcasmo, frequentemente tendo a si mesmo como alvo, não é muito sociável, não tem muitos amigos na escola, sofre com a profusão dos estereótipos que encontram terreno fértil nos corredores escolares, tem uma fixação por zumbis, com os quais vive devaneando até nas horas mais impróprias, trabalha em uma loja de conveniência que vive vazia a maior parte do tempo, nutre uma paixão platônica por uma das beldades da escola e não suporta a estagnação que parece ser o único estado conhecido por sua cidade.

Essencialmente, Cullen é um deprimido. Não que ele seja depressivo, mas no sentido de ter uma visão pessimista da vida e gostar disso. Suas poucas alegrias? Colecionar títulos para os futuros livros que pretende escrever, a amizade anacrônica com Lucas Cader, um dos mais adorados do ensino médio, e o irmão mais novo Gabriel, de que Cullen é um dos maiores admiradores. E isso transparece no texto, afinal é pela visão de Cullen que conhecemos Gabriel, e ela pinta um garoto de quinze anos bastante reflexivo de maduro para a idade, imune às preocupações da adolescência e responsável por injetar otimismo na vida do irmão e da família Witter. Então, quando Gabriel misteriosamente desaparece sem deixar vestígios, a família Witter fica abalada e Cullen se vê às voltas com as agruras de enfrentar um mundo sem Gabriel ao mesmo tempo que luta para não perder as esperanças. O ruim é que nessa mesma época um obcecado observador de pássaros coloca a pequena Lily em alvoroço com a informação de que um pica-pau considerado extinto há 60 anos foi avistado ali e isso tira toda a atenção do desaparecimento de Gabriel… Continuar lendo

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