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Boneca de Ossos (Holly Black)

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Piratas, ladrões, sereias e guerreiros sempre estiveram presentes na vida de Poppy, Alice e Zach que adoram brincar de faz-de-conta. Para serem bons inventores de histórias, as crianças buscam inspiração no mundo das palavras, e é por isso, que o livro de Holly está repleto de referências à literatura: seres míticos, heróis, vilões, tem referências para todos os gostos. Como peça central desse mundo mágico que criaram está a Grande Rainha, uma antiga boneca feita de porcelana de ossos que é mantida presa na cristaleira dos Bell (pais de Poppy). Logo que a boneca foi adquirida, a mãe de Poppy proibiu que a menina pegasse a boneca. Colocarem-na nas brincadeiras em um papel central, foi a forma que encontraram para não ficar com medo da boneca, que aparentemente assusta até mesmo a destemida irmã mais velha de Poppy. Continuar lendo

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A Marca de Atena (Rick Riordan)

Atenção, esta resenha trata sobre os acontecimentos do terceiro livro da série Os Heróis do Olimpo e pode haver spoilers dos livros anteriores. Para saber o que eu achei dos outros livros veja os links no final desta resenha.

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A profecia fornecida por Rachel no último livro da primeira saga do Percy Jackson guiou todas as ações dos semideuses nos dois primeiros livros desta série. Desde o início eles eram sete, mas estavam divididos entre as contrapartes gregas e romanas, vivendo aventuras que de certa forma eram apenas o aperitivo, a preparação para tudo que teriam que enfrentar depois, todos juntos. Em A Marca de Atena, o programa de intercâmbio planejado por Hera/Juno atinge um novo nível, é chegada a hora de reunir velhos conhecidos e estabelecer novas alianças. Os sete semideuses aos quais a profecia faz referência finalmente estão juntos e prontos para cumprirem seus destinos. Mas, antes da aventura final é preciso fazer um pequeno desvio. Porque uma antiga profecia vem à tona e os semideuses percebem que solucionar essa profecia pode ser o caminho necessário para conseguirem levar a cabo sua missão. E fazendo jus ao título do livro e à personagem principal dessa profecia, era de se esperar que Annabeth ganhasse um maior destaque, para alegria daqueles que sempre tiveram a filha de Atena entre o rol dos seus personagens favoritos. Continuar lendo

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O Falso Príncipe (Jennifer A. Nielsen)

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“As palavras de Conner ainda ecoavam em meus ouvidos. A cada passo que eu dava rumo ao trono, sentia que me curvava também. Eu só esperava poder chegar até o fim antes que Conner me destruísse completamente.” página 180.

No reino de Carthya, a guerra civil é iminente e interesses escusos por poder e pela coroa rondam cada recanto do país. No extremo norte de Carthya, na distante Carchar, no orfanato para garotos carentes da Sra. Turbeldy conhecemos Sage de apenas 15 anos. O garoto com fama de ladrão e mentiroso acaba de ser vendido pela Sra. Turbeldy para Conner, um nobre que tem um plano ousado em mente: encontrar um garoto que possa se passar por Jaron, o príncipe que desapareceu há quatro anos, para com isso evitar que o reino se autodestrua em batalhas pelo poder (ou pelo menos é assim que ele vende seus planos). Assim como Sage, outros três órfãos são amealhados por Conner e seus capangas, e aos poucos os garotos descobrem que mais do que uma batalha pela coroa, essa será uma batalha por suas vidas, já que quem não for escolhido para representar o papel terá que ser descartado. Continuar lendo

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O Filho de Sobek (Rick Riordan)

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“Conversar com Percy estava me dando uma séria dor de cabeça.
(…)
Nós quase falávamos a mesma língua – magia, monstros, etc. Mas seu vocabulário estava todo errado.”

Na trilogia As Crônicas dos Kane, Riordan inaugurou uma atividade muito legal, ele utilizou easter eggs e fez algumas de suas obras “conversarem”, mais especificamente, nos livros dos deuses egípcios os deuses gregos começaram a fazer pequenas aparições. Long Island vivia sendo lembrada pela pessoal do Broklyn como sendo local de focos de magia inexplicáveis e desde a última aventura de Carter e Sadie eu mal podia esperar para ver o Egito fazer uma visita à Grécia. E não é que o tio Rick não perdeu tempo. Publicado originalmente em 2012 e traduzido e publicado em edição digital pela Intrínseca este ano, O Filho de Sobek é um pequeno conto que reúne em uma mesma aventura Carter Kane e seu personagem mais famoso Percy Jackson. Continuar lendo

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Passarinha (Kathryn Erskine)

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No dia 16 de abril de 2007, um atirador solitário assassinou 32 pessoas no Instituto Politécnico da Universidade da Virgínia e depois se suicidou. Esse ataque é considerado o maior massacre em uma universidade dos Estados Unidos. Foi esse episódio devastador que serviu de catalisador para Kathryn Erskine (que mora na Virgínia) criar uma história que falasse sobre como eventos desse tipo abalam nossas vidas e de como podemos lidar com eles, uma história que também servisse de grito de alerta, uma mensagem sobre como se pode ajudar a evitar a escalada da violência, simplesmente ouvindo e compreendendo o próximo. Também surgiu da necessidade de explicar como é para uma criança ser portadora de Asperger. A sua dificuldade de se fazer compreender e o trabalho que pode ser feito pela família e pela escola para ajudá-los. Foi assim que surgiu a protagonista Caitlin, uma garota de 10 anos, portadora de Asperger que de repente se vê privada da presença de seu irmão mais velho, assassinado em uma tragédia escolar, e tendo que lidar com o sentimento de perda que fez com que sua vida e a de seu pai desmoronasse.

Para Caitlin tudo é preto e branco, qualquer variação disso lhe dá uma baita sensação de recreio no estômago e uma vontade imensa de fazer bicho de pelúcia ou se aconchegar em seu esconderijo favorito. Era Devon, seu irmão mais velho, que entendia Caitlin, era por meio dele que o mundo fazia sentido a ela. Era ele que lhe ajudava a encarar o mundo e nesse novo mundo sem Devon, a comunicação está mais difícil. Com sua maneira peculiar de ver o mundo, Caitlin não percebe que está passando ao largo da perda recente e o pai vê-se de uma só vez privado de um filho e incapacitado de lidar com a filha. Entra em cena a Sra. Brook, terapeuta escolar de Caitlin, a adulta com quem mais ela fala atualmente e quem mais lhe incentiva no estabelecimento de novos relacionamentos. Continuar lendo

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Book Tour – Guardians – Volume 2 (Luciane Rangel)

Esta resenha é do segundo livro da série Guardians, de Luciane Rangel, e pode conter spoiler da trama dos livros anteriores.

Para ler a minha resenha do primeiro livro da série, clique aqui. E para ler as resenhas da Núbia, clique aqui: Volume 1, Volume 2 e Volume 3.

Guardians é uma série brasileira sobre os guerreiros especiais que lutam para manter a Terra protegida dos youkais: monstros terríveis vindos das lendas japonesas.

São doze guerreiros, um representando cada casa do Zodíaco, liderados por Sophie, a Guerreira de Áries da geração anterior.

O segundo livro da série continua exatamente onde o primeiro livro acaba, com Anne descobrindo um enorme segredo sobre suas origens e Shermie sofrendo as consequencias de uma das rondas que os guardiões fazem para tentar conter o avanço dos youkais no mundo dos humanos.

A barreira entre os mundos aumenta a cada dia, e os Guardiões ainda estão fracos demais para conseguir fechá-la. O fato de eles não serem pessoas perfeitas, prontas para fazer o trabalho que lhes é destinado foi um dos detalhes de que eu mais gostei na série. São heróis? Sim, mas são humanos, cheios de falhas, dúvidas e dificuldades para cumprir a missão, e tudo isso tem que ser superado aos poucos.

Todos os romances entre personagens florecem neste livro. O que é até um pouco estranho, porque se juntarmos um grupo de 12 pessoas aleatórias, acho difícil que a maioria delas acabem formando casais. Mas tirando isso, eu gostei que os casais não são óbvios: tem até um quadrilátero amoroso! Além disso, as atrações foram rápidas demais, mas a autora deu tempo de eles se conhecerem melhor, “rolar um clima”, e os sentimentos se desenvolverem.

Eu comentei na resenha do primeiro livro que gostei de como ao autora foi capaz de balancear todas as personagens sem alongar, ou enrolar a história. O mesmo acontece no segundo capítulo da história, que manteve o mesmo ritmo gostoso de leitura.

A minha única crítica à série é que, como os livros são separados, o começo do segundo livro tinha que tem um “tempo” para relembrar ao leitor tudo que aconteceu. Para não ser injusta, teve um pouco desse “remember”, mas foi muito pouco, então um leitor que demora mais para pegar o segundo volume pode não se lembrar de tudo que aconteceu no primeiro – especialmente os eventos do final do livro. Se fizessem uma edição única da história, seria perfeito. Mas enfim, o livro está escrito, não tem mais como mudar isso, né?

E os desenhos? As ilustrações da Ana Claudia são demais! Quando eu era mais nova, eu fiz aula de desenho, mas nunca consegui fazer nada decente, fico com inveja (branca) de alguém que consegue criar personagens lindas assim. Pena que tem poucas ilustrações por livro…

Assim como no primeiro livro, a leitura desta parte da saga dos Guerreiros foi super rápida, li em algumas horas –  e para eu conseguir achar algumas horas para devorar um livro está tão dificil ultimamente que tem que ser um livro muito bom para conseguir me prender!

Gostaria de agradecer à autora por fazer o book tour e por me incluir na lista de participantes. Foi uma experiência muito boa! Estou aguardando o terceiro livro hahehah

Para saber mais sobre a série, ou comprar, clique aqui.

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A Floresta dos Pigmeus (Isabel Allende)

Atenção, esta resenha trata dos acontecimentos do último livro da trilogia As Aventuras da Águia e do Jaguar e pode haver spoilers (evitados ao máximo) sobre fatos dos livros anteriores. Para saber o que eu achei dos outros livros, confira os links no final desta resenha.

Floresta pigmeus

Dessa vez já reencontramos Nádia e Alexander no novo lugar de sua aventura, ambos estão acompanhando Kate que fora convidada por um guia e naturalista para escrever sobre uma nova modalidade de turismo na África. Kate até tinha prometido não levar os garotos para mais nenhuma aventura, mas não viu nada demais em um simples safári. E o safári realmente não foi o problema, ela só não contava encontrar com um missionário no último dia da viagem e que por causa desse encontro eles acabassem se embrenhando em um pedaço esquecido da selva africana, em uma aldeia escondida numa região comandada por um psicopata e de repente se vissem às voltas lutando contra um ditador que mantém duas tribos servindo aos seus interesses.

“Com a voz emocionada, a escritora leu a breve mensagem de seu neto: “Nádia e eu estamos tentando ajudar os pigmeus. Tratem de distrair Kosongo. Não se preocupem, voltamos logo.”

 – Aqueles meninos ficaram loucos – Joel González comentou.

– Não ficaram, esse é o estado natural deles – gemeu a avó – E agora, o que poderemos fazer?” Continuar lendo

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Penelope (Marilyn Kaye)

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Todo leitor um pouquinho mais devotado sempre acaba implicando com algo quando um livro que já leu é adaptado para um filme ou série. E em grande parte das vezes, essas reclamações repousam no fato de que o filme ficou muito superficial e que os roteiristas não conseguiram passar para a tela as características mais marcantes de um determinado personagem. E quando é o contrário? Quando a adaptação parte do filme para o livro? Isso não é muito comum, mas vez ou outra acaba surgindo uma novelização de um roteiro cinematográfico. Penelope foi minha primeira experiência nessa modalidade. E já digo de antemão que não esperava muito da história, porque se dos livros para as telas já perdemos a profundidade dos diálogos, da tela para os livros temos como ponto de partida roteiros mais enxutos que se não forem bem explorados e mesmo expandidos pelo autor, acabarão culminando em uma narrativa pobre ainda que a história seja muito boa. E ainda que algumas das minhas preconcepções tenham se concretizado, gostei do trabalho que Marilyn Kaye fez com o roteiro da Leslie Caveny.

Penelope Wilhern é uma garota rica e tem tudo o que pode querer menos o que mais deseja: a liberdade. Tudo porque nasceu em uma família amaldiçoada. Tudo começou com seu tataravô que se apaixonou e engravidou uma empregada com a qual se recusou a casar quando a família assim determinou. A garota acabou suicidando-se e sua mãe que era bruxa rogou uma praga sobre a família Wilhern. A próxima menina nascida na família teria cara de porco e a maldição só seria desfeita quando alguém de sua mesma classe, alguém de sangue azul, a aceitasse como ela era. E Penelope teve o azar de ser essa próxima menina. Continuar lendo

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Um Autor de Quinta #61

Coluna inspirada no Uma Estante de Quinta da Mi Muller do Bibliophile. Pretendemos toda quinta-feira trazer informações, curiosidades e algumas dicas de leituras e afins sobre algum(a) autor(a).

 rebecca stead

Rebecca Stead

Rebecca nasceu em 16 de janeiro de 1968 em Nova York. Ela é casada com o advogado Sean O’Brien e tem dois filhos. Ela sempre gostou de escrever, desde criança, mas acabou tornando-se uma advogada. Depois de anos trabalhando na defensoria pública, após o nascimento dos filhos, voltou a escrever. Aliás, um de seus filhos foi o grande inspirador para a carreira de autora engrenar de vez. Durante anos, Rebecca juntou ideias para suas histórias (em sua maioria com temas sérios) em seu notebook, aparelho que a criança empurrou da mesa e acabou inutilizado, e as ideias, perdidas. Para aliviar seu humor, Rebecca começou a escrever novamente, uma história alegre para se distrair. Foi assim que seu primeiro romance, First Light, tomou forma e acabou sendo publicado em 2007. Em 2010 ela ganhou a medalha Newbery, por sua contribuição para a literatura infantil, com seu segundo romance When You Reach Me (Amanhã Você Vai Entender no Brasil). Continuar lendo

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First Light (Rebecca Stead)

First light

No Ártico, a casa de um importante filantropo teve que ser demolida por causa do derretimento da camada de gelo na qual foi construída. Isso é o que basta para que ele conceda fundos para uma universidade americana estudar os efeitos do aquecimento global nessa imensidão branca.  É assim que o garoto Peter se vê deixando Nova York junto com a mãe para acompanhar o seu pai, o glaciólogo Dr. Gregory Solemn à Groelândia.

Na Groelândia, ou para ser mais específica, no subsolo há Gracehope. O submundo do gelo idealizado por Grace. Uma comunidade sob o gelo fundada por antigos colonos ingleses, que encontraram ali um local seguro para desenvolver as “estranhas habilidades” que possuem. Nesse mundo secreto vive Thea, uma garota que sonha em ver a luz do sol e que quer levar adiante o sonho que sua mãe tinha quando era viva. Empreender uma jornada até o mundo exterior para conseguir conquistar novas partes do subsolo e assim aumentar os domínios de Gracehope para que a comunidade possa voltar a crescer.

Esses dois garotos, aparentemente tão diferentes, tem mais em comum do que podem supor e no momento que os mundos de ambos se cruzam, segredos do passado são revelados e novas possibilidades de fazer história surgem. Para desvendar essa história, Rebecca nos convida à desbravar essa imensidão branca e a penetrar nas profundezas do gelo para descobrir um mundo diferente, com habitantes cativantes e um modo de vida bastante peculiar. Um mundo que querendo ou não, terá que se preparar para as modificações que as mudanças no mundo estão provocando no gelo que o protege. Eis aqui mais um dos fatos que contribuiu para me fazer cair de amores pela obra: a ciência. Tanto o destaque para as pesquisas climáticas do pai de Peter, quanto às pesquisas feitas pela mãe do garoto, que é bióloga molecular! Aliás, é muito interessante o fato de a autora ter dado destaque à pesquisa da mãe de Peter com DNA mitocondrial. Para quem não sabe o DNA mitocondrial é herdado a partir da linhagem materna, assim um indivíduo, sua mãe e todos seus parentes maternos compartilham essa herança genética. É simplesmente impossível não traçar paralelos com a sociedade matriarcal de Gracehope, na qual todos sabem de qual ventre nasceram, mas não fazem ideia de quem foi o responsável por fornecer os outros 50% do material genético para sua formação. Continuar lendo

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